A carnitina tem atraído crescente interesse na pesquisa sobre saúde mental, especialmente no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Seu papel fundamental no metabolismo energético e na função neurológica sugere que pode influenciar sintomas comportamentais e cognitivos desses transtornos. Mas até que ponto a carnitina é um tratamento viável? Quais as evidências disponíveis e quais precauções devem ser consideradas?
A carnitina não é exatamente um aminoácido, mas sim um composto orgânico conjugado, derivado dos aminoácidos lisina e metionina. Sua principal função é atuar como um transportador essencial de ácidos graxos para dentro das mitocôndrias, onde são convertidos em energia via β-oxidação. Esse processo é crucial para a produção de ATP, especialmente em tecidos de alta demanda energética, como cérebro, músculos e coração.
Além disso, a carnitina exerce um papel neuroprotetor, ajudando na remoção de metabólitos tóxicos das mitocôndrias e participando da modulação de neurotransmissores como a acetilcolina. Essas funções fazem com que seu impacto no sistema nervoso central vá além da simples produção de energia.
Mas se a carnitina é tão essencial, por que ela precisaria ser suplementada? Algumas pessoas apresentam deficiência de carnitina devido a mutações genéticas, distúrbios metabólicos ou condições que levam ao esgotamento de seus níveis, como inflamação crônica e disbiose intestinal. Aqui é onde surge o interesse pelo seu uso no TEA e TDAH.
A deficiência de carnitina já foi identificada como um fator relevante em algumas crianças com TEA. Como a mitocôndria desempenha um papel central na função neuronal, e muitas crianças com autismo apresentam evidências de disfunção mitocondrial, pesquisadores começaram a investigar se a suplementação de carnitina poderia trazer benefícios.
